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Matéria Especial (Meio Ambiente)

Qua, 22 de Junho de 2022 às 21:00

Consumo mais consciente

Pesquisas apontam que consumidor topa pagar mais por produtos sustentáveis e empresas já perceberam isso

O Estado de S. Paulo.

22 Jun 2022

BIANCA ZANATTA

 

Mariana Rhormens, diretora de Marketing da Havaianas, empresa que investe em linha de reciclados VALERIA GONÇALVEZ/ESTADÃO

O propósito das marcas superou o preço e a conveniência para grande parte dos consumidores, que estão dispostos a pagar mais por produtos sustentáveis e transparentes. É o que apontou o último estudo da IBM sobre tendências globais de consumo, realizado em 2020 em parceria com a National Retail Federation. A pesquisa ouviu consumidores de 28 países, incluindo o Brasil, e apontou que um terço das pessoas estão dispostas a deixar de comprar seus produtos preferidos se perderem a confiança no fabricante.

Dos 19 mil entrevistados, 70% disseram ainda que valorizam o propósito e pagam um valor adicional de 35% para fazer compras sustentáveis, como de produtos reciclados ou ecológicos. De olho nessa fatia do mercado – que está se tornando a maior do bolo – e cientes da responsabilidade socioambiental, marcas investem no desenvolvimento de produtos feitos a partir de materiais reciclados.

A Havaianas Brasil, que tem quase 500 franquias no Brasil e mais de 800 espalhadas pelo mundo, assumiu a missão de olhar com cuidado redobrado para cada um de seus produtos, do começo ao fim.

Desse compromisso surgiram iniciativas como o Havaianas RECICLO, programa de logística reversa e reciclagem da empresa em parceria com a startup Trashin, especializada na gestão de resíduos. Hoje são 45 urnas de coleta no Brasil e 67 ao redor do mundo, todas alocadas em lojas próprias, franquias e fábricas da marca, em que as pessoas podem descartar as sandálias usadas.

A empresa também usa ela mesma materiais reciclados na produção de novos itens da marca. Segundo a diretora de Marketing Mariana Rhormens, 40% da sola dos chinelos, produtos core do negócio, são de resíduos de produção. “Estamos focados em olhar toda a nossa cadeia e agir de maneira que contribua para o ambiente e empodere nossos parceiros.”

LEMBRANÇA. Do mesmo segmento, a setentona Bibi, rede brasileira de calçados infantis presente em mais de 70 países e que já superou a marca de 140 lojas franqueadas no Brasil e América Latina, lançou seu primeiro tênis ecológico em agosto do ano passado. Batizado de Bibi Eco, o calçado foi projetado com a proposta de usar somente matérias-primas sustentáveis e reaproveitáveis. O modelo é fabricado com garrafa PET, serragem e cascas de arroz, além de materiais reciclados. O solado é de TR (borracha termoplástica) transparente com serragem e o cabedal também é produzido a partir de garrafas PET.

“A gente tem como propósito fazer o bem para gerar boas lembranças. Nossos consumidores são as crianças, então a gente tem um compromisso de fomentar valores positivos”, diz Camila Kohlrausch, diretora de marca e varejo da empresa.

RELÓGIOS. No caso da Chilli Beans, a sacada veio do mar: a rede especializada em óculos escuros lançou no ano passado uma linha de óculos e relógios feitos com resíduos de redes de pesca retirados do oceano pela ONG Eco Local Brasil, que atua em diversos pontos litorâneos do País. Segundo o CEO e fundador Caito Maia, a marca investe há quatro anos em pesquisas. “Ser sustentável vai muito além do reciclar, são verdadeiras mudanças de hábito”, diz. •

Marcas promovem produtos recicláveis e ganham clientela com discurso ligado ao ambiente